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A Metamorfose das Organizações (Crônicas de Um Mundo Sustentável) – Capítulo 1

Publicado em 29 . 09 . 2017

 
Capítulo I – A Eclosão do Ovo
 
Ainda lembro bem do barulho da primeira bomba que escutei vindo do lado de fora da janela, enquanto assistia a uma aula sobre Negócios e Desenvolvimento Sustentável do alto de uma das salas de aula do prédio da FGV, na Paulista. “Será que vão fechar o metrô?” Alguém me preocupou.
Era 6 de Junho de 2013 e naquela época cursava um MBA sobre Gestão em Sustentabilidade. Do lado de fora, manifestantes declaravam guerra contra o aumento das tarifas do transporte público. Menos de 1 ano depois, ouvia-se nas ruas os gritos de “Não vai ter copa!” de um povo cansado de ver seus impostos escoando pelos ralos da corrupção. E em Julho de 2016, 2 anos após a primeira bomba, a população se movimentava a favor do impeachment de seu presidente e para cobrar, de todos os seus políticos, mais transparência.
Transparência… antes de falarmos de sustentabilidade e de seus pilares, temos que ter a transparência incorporada em todos os nossos atos. Ela tem que fluir de forma natural, inconsciente.
O próprio LEED, em sua versão mais atual, deixa de buscar apenas a performance em seu capítulo de Materiais e passa a dar ênfase na transparência dos produtos e materiais incorporados no edifício. Ainda permanece todo o conceito de regionalidade, conteúdo reciclado, madeira FSC, materiais de reuso e etc, porém, eles são agora uma opção dentro de um crédito que pede que os fabricantes de materiais possuam um relatório público detalhando seus fornecedores de matérias-primas, local de extração dessas matérias-primas, compromisso de responsabilidade para o uso da terra e de redução dos impactos ambientais.
Outros créditos dentro da categoria de Materiais do LEED exigem o EPD ou ACV dos produtos, trazem uma opção de buscar o ACV da edificação como um todo, pedem por uma lista de substâncias químicas utilizadas nos produtos e que atendam a programas como o CASRN, HPD, Cradle to Cradle, GreenScreen e o REACH.
 

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E foi justamente por causa do LEED que a Marcetex chegou até nós. Como escrevi em outra publicação intitulada Tendências para o Setor Residencial, estamos vivendo uma mudança comportamental. Ou seja, a sociedade vem buscando por uma melhor qualidade de vida, por uma alimentação mais adequada e saudável, por empregos e formas de trabalho que nos proporcionem satisfação pessoal e profissional, por flexibilidade nos horários para que possamos trabalhar e também passar um tempo com nossas famílias e amigos e, como consumidores, comprar produtos que não agridam nem ao meio ambiente e nem a nossa saúde.
Algumas empresas como a Votorantim e a Isover Saint Gobain já entenderam essa nova tendência e hoje possuem em sua linha produtos com EPD (Environmental Product Declaration ou Declaração Ambiental do Produto), que nada mais é do que uma ACV (Análise do Ciclo de Vida) realizada a partir de regras específicas para aquele produto e que, ao final do estudo, passou por uma auditoria. A Armstrong, além do EPD, possui também o HPD (Health Product Declaration), cujo objetivo é informar os riscos associados à saúde humana de componentes e substâncias de um determinado produto.
A Interface, case no 1 quando o assunto é sustentabilidade, entendeu essa tendência em 1994 quando começou a focar no pilar ambiental da sustentabilidade e anunciou, em 2006, o programa “Missão Zero”, cuja meta é transpor as 7 fronteiras descritas abaixo até 2020: 
 
1.       Eliminar qualquer tipo de geração de resíduo;
2.       Eliminar a emissão de substâncias tóxicas na fabricação de seus produtos, na sua operação e de seus veículos;
3.       Operar apenas utilizando energia renovável;
4.       Redesenhar seus processos e produtos para utilizar materiais de reuso e bio-based;
5.       Transportar pessoas e produtos eficientemente para eliminar resíduos e emissões;
6.       Criar uma cultura interna que utilize os princípios da sustentabilidade para melhorar a vida e os meios de subsistência de todos os seus stakeholders;
7.       Criar um novo modelo de negócios que demonstre e suporte os valores do comércio baseado na sustentabilidade;
 
Essa mudança repentina de comportamento ao passar a priorizar a sustentabilidade como estratégia e incorporá-la no modelo de negócios da empresa ainda é raro de se ver, contudo, será mais frequente daqui para frente. Na frutaria aqui perto de casa, entre o tomate com selo orgânico e o “normal”, vejo cada vez mais as pessoas paradas, atentas e comprando da baia de orgânicos.
 
Texto escrito por:

 
Eduardo Straub, WELL AP e LEED AP BD+C, Sócio-Proprietário da StraubJunqueira (Consultoria Especializada em Construção Sustentável e Qualidade de Vida, Saúde e Bem-Estar), empresa membro do GBC Brasil.
 
 
Veja os próximos capítulos:

 

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