Net Zero: da urgência climática à oportunidade concreta para o setor da construção

Publicado em 03 . 06 . 2025

Nas últimas décadas, sustentabilidade deixou de ser uma opção lateral para virar critério estratégico, tanto em políticas públicas quanto no setor produtivo. O conceito de Net Zero, antes restrito a fóruns climáticos internacionais, passou a ocupar um lugar central na conversa sobre infraestrutura, cidades e habitação. E isso tem um motivo claro: a construção civil é responsável por cerca de 38% das emissões globais de CO₂. Ou o setor se envolve ativamente na descarbonização, ou o Net Zero continua sendo só uma ambição distante.

Mas afinal, o que significa Net Zero?

Net Zero não é zerar todas as emissões. É zerar o balanço líquido. Em outras palavras: reduzir ao máximo o que é emitido e compensar o que ainda não dá para eliminar. Isso pode ser feito com energia limpa, reuso de água, materiais de baixa emissão ou soluções naturais de captura de carbono.

O conceito foi formalizado no Acordo de Paris e virou um dos pilares das metas climáticas globais. A missão é clara: reduzir em 45% as emissões líquidas até 2030 e zerá-las até 2050, mantendo o aquecimento global abaixo de 1,5°C.

Na prática, o desafio é enorme. Mas os caminhos existem, e a construção civil é parte da solução.

Como a construção pode responder ao desafio Net Zero?

Projetos comprometidos com Net Zero adotam estratégias integradas, como:

  • Materiais de menor pegada de carbono, reciclados ou de origem local;
  • Eficiência hídrica e energética, com medição individual, automação e reuso;
  • Design passivo, com ventilação cruzada, sombreamento e conforto térmico;
  • Compensação e regeneração, como apoio a áreas de conservação ou reflorestamento

Essas práticas não apenas reduzem emissões. Elas melhoram o desempenho econômico dos edifícios, valorizam os ativos e reduzem custos operacionais.

O papel do GBC Brasil e das certificações Net Zero

No Brasil, o Green Building Council tem impulsionado a transição Net Zero com certificações que integram metas climáticas a critérios técnicos e mensuráveis. O GBC Zero Energy, por exemplo, reconhece edifícios com emissões operacionais líquidas zero em energia. Outros sistemas como o LEED e o GBC Casa e Condomínio vêm evoluindo para conectar sustentabilidade à performance real.

O novo LEED v5 marca um avanço importante: a descarbonização está no centro da proposta. Isso inclui critérios mais robustos para emissões incorporadas (materiais, construção) e monitoramento contínuo de energia e impacto operacional.

Três mitos sobre Net Zero que vale esclarecer

  1. “É preciso zerar tudo.”
    Não. O foco é no balanço líquido. Net Zero não exige eliminar 100% das emissões, e sim equilibrar o que é emitido com o que é compensado de forma transparente.
  2. “Só grandes empreendimentos conseguem.”
    Falso. Projetos de pequeno e médio porte também alcançam Net Zero. O que importa é o compromisso com eficiência, medição e melhoria contínua.
  3. “Net Zero é só uma moda.”
    Pelo contrário. O conceito já influencia regulações, financiamentos e políticas urbanas. Ignorá-lo é abrir mão de competitividade e relevância.

E agora?

Falar de Net Zero na construção civil não é uma escolha, mas um caminho inevitável. Os dados mostram o impacto. Os eventos extremos mostram a urgência. E os líderes que já se moveram mostram que é possível.

A pergunta agora é simples: vamos seguir construindo como se o planeta aguentasse tudo, ou vamos construir com a consciência de que o tempo para adiar já passou?

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