Nas últimas décadas, sustentabilidade deixou de ser uma opção lateral para virar critério estratégico, tanto em políticas públicas quanto no setor produtivo. O conceito de Net Zero, antes restrito a fóruns climáticos internacionais, passou a ocupar um lugar central na conversa sobre infraestrutura, cidades e habitação. E isso tem um motivo claro: a construção civil é responsável por cerca de 38% das emissões globais de CO₂. Ou o setor se envolve ativamente na descarbonização, ou o Net Zero continua sendo só uma ambição distante.
Net Zero não é zerar todas as emissões. É zerar o balanço líquido. Em outras palavras: reduzir ao máximo o que é emitido e compensar o que ainda não dá para eliminar. Isso pode ser feito com energia limpa, reuso de água, materiais de baixa emissão ou soluções naturais de captura de carbono.
O conceito foi formalizado no Acordo de Paris e virou um dos pilares das metas climáticas globais. A missão é clara: reduzir em 45% as emissões líquidas até 2030 e zerá-las até 2050, mantendo o aquecimento global abaixo de 1,5°C.
Na prática, o desafio é enorme. Mas os caminhos existem, e a construção civil é parte da solução.
Projetos comprometidos com Net Zero adotam estratégias integradas, como:
Essas práticas não apenas reduzem emissões. Elas melhoram o desempenho econômico dos edifícios, valorizam os ativos e reduzem custos operacionais.
No Brasil, o Green Building Council tem impulsionado a transição Net Zero com certificações que integram metas climáticas a critérios técnicos e mensuráveis. O GBC Zero Energy, por exemplo, reconhece edifícios com emissões operacionais líquidas zero em energia. Outros sistemas como o LEED e o GBC Casa e Condomínio vêm evoluindo para conectar sustentabilidade à performance real.
O novo LEED v5 marca um avanço importante: a descarbonização está no centro da proposta. Isso inclui critérios mais robustos para emissões incorporadas (materiais, construção) e monitoramento contínuo de energia e impacto operacional.
Falar de Net Zero na construção civil não é uma escolha, mas um caminho inevitável. Os dados mostram o impacto. Os eventos extremos mostram a urgência. E os líderes que já se moveram mostram que é possível.
A pergunta agora é simples: vamos seguir construindo como se o planeta aguentasse tudo, ou vamos construir com a consciência de que o tempo para adiar já passou?